Uma reflexão à guisa de avaliação sobre a Semana Dom Helder Camara.
Já se passaram duas semanas .....
Ao cair da tarde daquela sexta-feira, dia 02 de outubro, um grupo de mais ou menos 120 pessoas encontrava-se reunido no Passeio Público, antiga Praça dos Mártires. Cantando “Dom Helder Camara, grande profeta, reconhecido por toda nação. A imagem que gostaria que ficasse, é de um irmão!”, foi colocada, em uma das árvores centenárias, uma placa comemorativa daquele que, há cem anos, nascia em frente a este histórico e belo logradouro de Fortaleza: HELDER PESSOA CAMARA.
Encerrava-se deste modo uma semana comemorativa.
Comemoração?
Uma semana sem festa, porém sustentada pela reflexão pessoal e comunitária, aquela que leva ao compromisso ......
Uma semana sem discursos (vazios), porém cheia de pensamentos críticos sobre nós mesmos, sobre a sociedade na qual vivemos, sobre a igreja que somos (ou deveríamos ser) .....
Uma semana sem dogmas magisteriais, porém dirigida por dicas, dando rumo a propostas de construção de um mundo de irmãos e irmãs.....
Uma semana sem teologia do tipo “avestruz”, porém aquela reflexão teológica de cabeça erguida, de cara a cara com a realidade, “fermento da terra e luz do mundo” (cf. Mt 5, 13.14) .....
Uma semana sem grandes platéias, mas marcada por uma presença bela por ser eclética (= includente), verdadeira, vivenciada .....
Uma semana sem solistas, sem estrelas, porém profundamente carregada por um sentimento comunitário, de co-reponsabilidade e participação ....
Uma semana sem gerar falsas esperanças, porém incentivada pelos compromissos com a construção de uma paz, já sentida por todos que ali se experimentaram irmãos e irmãs ..... .
Uma semana sem resmungar o passado, sem murmurar sobre “os outros”, porém grávida de expectativas por juntar pessoas que vêem, lá na frente, possibilidades e condições de realizarem “um novo céu e uma nova terra!” (cf. Ap. 21,1) .....
Uma semana que, no entardecer daquele belo dia, terminara em um grande e emocionante abraço de paz .....
Uma semana helderiana..... de paz helderiana!
A presença extraordinária das pessoas nas duas apresentações do filme “Dom Helder, o santo rebelde!” já anunciara que algo de bom estava para acontecer, o que se confirmara nas três noites das conferências.
A diversidade de participantes nas noites das conferências chamou muita atenção a nós que estávamos a serviço dos mesmos: gente das comunidades, estudantes de níveis diversos, professores tanto da rede pública, como privada, do ensino básico ao universitário, pessoas engajadas em movimentos eclesiais, gente já idosa em idade, mas jovem em espírito, religiosas, uns poucos seminaristas e, escassamente, uns muito poucos padres ..... e .... um bispo, nosso bravo e sempre presente Dom Edmilson.
A caminhada, na sexta-feira desta memorável semana, pelas ruas do centro da nossa cidade tornou-se um momento de singela tranqüilidade. Não havia grande massa de pessoas cantando “alleluia” e batendo palmas. Os que pisavam o asfalto quente nas ruas comerciais de Fortaleza pareciam mais uma “minoria abraâmica”, como Dom Helder qualificava os pequenos agrupamentos de pessoas que acreditam em um mundo diferente, mais humano, mais de Deus. Portando faixas com dizeres fortes a respeito da vida e pirulitos apresentando o rosto e o semblante daqueles que já nos antecederam no cumprimento de sua missão (Irmã Dorothy Stang, Dom Helder Camara, Dom Aloísio Lorscheider e Dom Oscar Romero) e, animados por cantos relativos à luta por um mundo melhor, caminhávamos desde a Praça da Igreja do Carmo até o Passeio Público, fazendo uma parada em frente á catedral, sendo acompanhados por olhares e gestos de aprovação por parte de pessoas que se encontravam nas calçadas e no interior dos estabelecimentos comerciais. Pairava paz e soprava uma brisa de irmandade pelas ruas do centro de Fortaleza, normalmente tão tumultuado.
Mas, de que paz estaria falando? O Dom da Paz, Helder Camara, novamente nos ensina: “Nós não queremos a paz dos pântanos, a paz enganadora que esconde injustiças e podridão!”
Trata-se da paz que significa movimento, aquela que acorda a todos nós da nossa quase que eterna sonolência frente às grandes questões da humanidade: o grande espiral da violência que gera miséria, fome, injustiças, abismo cada vez mais profundo entre os poucos ricos e os muitos pobres.
É a paz que mexe, que bota todos nós de pé, de olhos abertos e ouvidos atentos a fim de percebermos os sinais dos nossos tempos, arrancando o mal e plantando o bem.
É a paz dos dois momentos essenciais à nossa vida: da reflexão, do aprofundamento, do retirar-se, do “subir a montanha” para escutar a voz dAquele que tem algo a nos dizer e, evidentemente, de escutar as realidades terrestres. E é, em seguida, o momento de “descer da montanha” e estender a mão, transformando água em vinho.
É a paz ativa que invade, impulsiona e encoraja o profeta.
Lembro-me de algumas das últimas palavras que Dom Helder sussurrou dois dias antes de sua despedida em agosto de 1999: “Não deixem cair o profetismo!”
A paz do profeta, por certo, é aquela que dá tranqüilidade, serenidade e segurança ao próprio profeta. Somente assim, ele terá coragem sem limites para mexer com aquelas estruturas, que permitem e sustentam todos os projetos destrutivos de poder de um ser humano sobre outro, de uma facção política sobre outra, de uma crença religiosa sobre outra, de uma igreja sobre outra. Dom Helder, em sua “Sinfonia dos dois mundos” nos interroga: “Quem revolverá as pesadas estruturas que esmagam aos milhões os filhos de Deus, que chegam a matar mais do que as guerras mais sangrentas?!”
A paz profética exige desinstalar-se das suas certezas, dos seus poderosos dogmas, das cômodas posições, da vida da brisa mansa.
A paz do profeta é aquela que acredita que “..... quanto mais escura a noite for, mais bela a Aurora será.....!”
Fortaleza, 17 de outubro de 2009,
Geraldo Frencken, teólogo e membro de “O GRUPO”
terça-feira, 20 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Uma Semana do barulho (2)
O que a Semana Dom Helder Camara demonstrou?
A “franquia Dom Helder” é poderosa: abre portas, aglutina pessoas, causa admiração, toca corações. Hoje, há quase unanimidade no reconhecimento de sua figura como um dos grandes brasileiros do século XX. É personagem “canônico” (no sentido de: normativo, referencial) para cristãos e não-cristãos socialmente engajados e críticos.
A memória de Helder Camara, saudosa para uns, parece dolorosa para outros. A completa ausência de representantes clericais da Arquidiocese de Fortaleza, ao longo de todos os eventos da Semana, revela má vontade de prestigiar um bispo profeta que, pela seriedade e radicalidade do seu compromisso com pobres e perseguidos, faz parecer pequenos e omissos os atuais titulares eclesiásticos. Ganha-se a impressão de que estes estão fugindo da comparação.
Causou certo mal-estar nos corredores do Seminário da Prainha o fato de a Semana, realizada por um “grupo de particulares”, ter conseguido aglutinar bem mais gente – inclusive entre os próprios estudantes – do que certos eventos acadêmicos oficiais, promovidos pela Instituição. Aqui, duas possibilidades de explicação se oferecem: (1) Um público mais crítico e pensante preferirá sempre uma temática e uma abordagem mais controversa, mais contundente, mais incisiva a outras temáticas e abordagens óbvias, enfadonhas e pouco ousadas, ainda que mais “ortodoxas”. (2) A Semana não se restringiu a uma temática intra-eclesial, nem primou por um discurso “igrejeiro”, praticado ad nauseam no gueto eclesiástico, mas procurou articular o legado de Helder Camara com os desafios da sociedade atual, o que atrai também um público menos “especializado” e mais secularizado.
Há, em Fortaleza, um considerável número de cristãos/cristãs insatisfeitos/as com os dois tipos de catolicismo atualmente em voga: o tradicional-ortodoxo-oficial da hierarquia e o carismático-pentecostal-espiritualista dos movimentos apostólicos. Deu para perceber, sobretudo nos momentos de debate que seguiam às conferências e ao filme, quantos indivíduos estão à procura de um catolicismo/cristianismo “de terceira via”, um projeto eclesial que Pe. José Comblin tem batizado de “cristianismo humanista”.
Nós cristãos/cristãs insatisfeitos/as não possuímos, até agora, clareza sobre como se poderia articular e construir este projeto eclesial, alternativo aos dois supracitados modelos “majoritários”, em parte porque muitos de nós ainda sentem saudade da geração dos bispos-profetas e preferem lamentar a “guinada” (leia-se: traição!) que a igreja hierárquica deu em direção aos movimentos espiritualistas de massa. Um problema adicional encontra-se no fato das pessoas, hoje, viverem individualizadas, dispersas, desarticuladas, não organizadas em comunidades – eclesiais ou não – , movimentos ou grupos.
É urgente a tarefa de proporcionarmos a este contingente considerável de pessoas uma oportunidade periódica (mensal?) de encontrarem-se para trocar idéias e experiências, acompanhar palestras sobre temas palpitantes e atuais, confraternizar-se e celebrar sua fé, em um local central em Fortaleza, de fácil acesso, que pudesse tornar-se um “point” conhecido para cristãos/ãs de fé madura e de senso crítico. Este “Grande Encontro” mensal poderia remediar a terrível sensação de diáspora, abandono e angústia que se abateu sobre quem esperava da Igreja de Cristo mais do que defesa da ortodoxia e louvor entusiástico ao santíssimo sacramento...
Um “link” interessante e promissor foi estabelecido, através da vinda de três conferencistas de Recife, entre a igreja dos “inconformados” daqui com a de lá. Foi um grande alento que Pe. João Pubben, Ir. Ivone Gebara e Reginaldo Veloso experimentaram entre nós, quando se viram acolhidos/a por enorme e interessado público. Oxalá outros momentos significativos possam acontecer para aprofundar e fazer render a “conexão Recife”.
“O Grupo” continuará sensível à memória perigosa e incômoda da tradição profética do Cristianismo, tão esquecida e relegada na atual conjuntura eclesial. Aguardem!
Carlo Tursi, teólogo e membro de “O Grupo”
A “franquia Dom Helder” é poderosa: abre portas, aglutina pessoas, causa admiração, toca corações. Hoje, há quase unanimidade no reconhecimento de sua figura como um dos grandes brasileiros do século XX. É personagem “canônico” (no sentido de: normativo, referencial) para cristãos e não-cristãos socialmente engajados e críticos.
A memória de Helder Camara, saudosa para uns, parece dolorosa para outros. A completa ausência de representantes clericais da Arquidiocese de Fortaleza, ao longo de todos os eventos da Semana, revela má vontade de prestigiar um bispo profeta que, pela seriedade e radicalidade do seu compromisso com pobres e perseguidos, faz parecer pequenos e omissos os atuais titulares eclesiásticos. Ganha-se a impressão de que estes estão fugindo da comparação.
Causou certo mal-estar nos corredores do Seminário da Prainha o fato de a Semana, realizada por um “grupo de particulares”, ter conseguido aglutinar bem mais gente – inclusive entre os próprios estudantes – do que certos eventos acadêmicos oficiais, promovidos pela Instituição. Aqui, duas possibilidades de explicação se oferecem: (1) Um público mais crítico e pensante preferirá sempre uma temática e uma abordagem mais controversa, mais contundente, mais incisiva a outras temáticas e abordagens óbvias, enfadonhas e pouco ousadas, ainda que mais “ortodoxas”. (2) A Semana não se restringiu a uma temática intra-eclesial, nem primou por um discurso “igrejeiro”, praticado ad nauseam no gueto eclesiástico, mas procurou articular o legado de Helder Camara com os desafios da sociedade atual, o que atrai também um público menos “especializado” e mais secularizado.
Há, em Fortaleza, um considerável número de cristãos/cristãs insatisfeitos/as com os dois tipos de catolicismo atualmente em voga: o tradicional-ortodoxo-oficial da hierarquia e o carismático-pentecostal-espiritualista dos movimentos apostólicos. Deu para perceber, sobretudo nos momentos de debate que seguiam às conferências e ao filme, quantos indivíduos estão à procura de um catolicismo/cristianismo “de terceira via”, um projeto eclesial que Pe. José Comblin tem batizado de “cristianismo humanista”.
Nós cristãos/cristãs insatisfeitos/as não possuímos, até agora, clareza sobre como se poderia articular e construir este projeto eclesial, alternativo aos dois supracitados modelos “majoritários”, em parte porque muitos de nós ainda sentem saudade da geração dos bispos-profetas e preferem lamentar a “guinada” (leia-se: traição!) que a igreja hierárquica deu em direção aos movimentos espiritualistas de massa. Um problema adicional encontra-se no fato das pessoas, hoje, viverem individualizadas, dispersas, desarticuladas, não organizadas em comunidades – eclesiais ou não – , movimentos ou grupos.
É urgente a tarefa de proporcionarmos a este contingente considerável de pessoas uma oportunidade periódica (mensal?) de encontrarem-se para trocar idéias e experiências, acompanhar palestras sobre temas palpitantes e atuais, confraternizar-se e celebrar sua fé, em um local central em Fortaleza, de fácil acesso, que pudesse tornar-se um “point” conhecido para cristãos/ãs de fé madura e de senso crítico. Este “Grande Encontro” mensal poderia remediar a terrível sensação de diáspora, abandono e angústia que se abateu sobre quem esperava da Igreja de Cristo mais do que defesa da ortodoxia e louvor entusiástico ao santíssimo sacramento...
Um “link” interessante e promissor foi estabelecido, através da vinda de três conferencistas de Recife, entre a igreja dos “inconformados” daqui com a de lá. Foi um grande alento que Pe. João Pubben, Ir. Ivone Gebara e Reginaldo Veloso experimentaram entre nós, quando se viram acolhidos/a por enorme e interessado público. Oxalá outros momentos significativos possam acontecer para aprofundar e fazer render a “conexão Recife”.
“O Grupo” continuará sensível à memória perigosa e incômoda da tradição profética do Cristianismo, tão esquecida e relegada na atual conjuntura eclesial. Aguardem!
Carlo Tursi, teólogo e membro de “O Grupo”
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
“A EXPERIÊNCIA ENSINA O BISPO”
“A EXPERIÊNCIA ENSINA O BISPO”
Já está à disposição o livro, pequeno em tamanho, mas grande em coragem e franqueza, “A experiência ensina o bispo” de Dom Clemente Isnard, O.S.B. . O bispo emérito de Nova Friburgo nos apresenta, em quatorze pequenos capítulos, aspectos da vida interna da Igreja, que merecem avaliação, um olhar crítico, uma reflexão. Dom Clemente nos fala a respeito da “Eleição do Papa”, da função dos “Bispos Auxiliares”, dos “Monsenhores” e demais “Títulos honoríficos”, sobre “O Medo e o carreirismo” presente no meio e clero e assim por diante. Recebe muito destaque o nosso querido Dom Aloísio Lorscheider, de quem são citadas muitas passagens do seu livro-entrevista “Mantenham as lâmpadas acesas” (organizado pelo “O GRUPO” e editado pela UFC, 2008), mostrando como os dois bispos estão numa mesma linha avaliativa a respeito da vida da Igreja.
Embora sob protestos de alguns setores da Igreja, Dom Clemente lançou este seu segundo livro em Recife (agosto), Rio de Janeiro (setembro). O lançamento na nossa cidade aconteceu no dia 01 de outubro último. Dom Clemente não pode fazer-se presente naquela última noite da “Semana Dom Helder Camara”, pois se encontrava doente em Recife, mas o seu secretário, Padre José Romero Freitas, veio representá-lo. Somente nesta noite foram vendidos 85 exemplares. Nós, “O GRUPO”, a comissão organizadora da Semana Dom Helder Camara e muitos presentes, assinamos uma carta, mostrando nossa solidariedade ao Dom Clemente (veja a carta logo abaixo).
O livro pode ser adquirido com Carlo Tursi e Geraldo Frencken nas segundas-, quartas- e quintas-feiras no Seminário da Prainha entre 17:30 e 18:30 h., através do endereço eletrônico de “O GRUPO”: ogrupo2@yahoo.com.br, e na:“TABERNA LIBRARIA”
(Rua Coronel Alves Teixeira, 2090 - Dionísio Torres)
09:00 hs às 12:00 hs e 14:00 às 17:30 hs (segunda a sexta)
09:00 hs às 12:00 hs (sábado)
taberlib@matrix.com.br
www.tabernalibraria.com.br
Caro Dom Clemente,
A paz esteja com o senhor!
Nós, suas amigas e seus amigos de Fortaleza, desejamos, antes de tudo, que o senhor possa gozar de boa saúde.
Como seu primeiro livro, também o segundo está sendo muito bem recebido entre nós. Podemos afirmar que ele tornar-se-á assunto de estudo para muitos. Através de seus escritos, o senhor nos ajuda a aprofundarmos a nossa reflexão a respeito da distinção entre a Igreja arquitetada pelos homens e a Igreja desejada por Cristo, aquela que se constrói sobre a pedra dos valores evangélicos.
Dom Clemente, estamos unidas e unidos ao senhor e desejamos que seus dias sejam de paz, tranqüilidade e felicidade.
Enviamos o abraço em Cristo do povo em marcha na caminhada “AI DE MIM SE EU ME CALAR!”.
Fortaleza, 02 de outubro de 2009, dia de encerramento da “Semana Dom Helder Camara”.
(seguem 82 assinaturas, coletadas ao término da caminhada)
Vale a pena conseguir este livro e refletir seu conteúdo com outras pessoas, buscando ser mais criterioso(a) a respeito de tudo aquilo que é considerado “normal” na nossa Igreja.
Geraldo Frencken (teólogo e membro de “O GRUPO”)
Confira também no site da AnotE - www.anote.org.br
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Uma Semana do barulho
Uma Semana do barulho (1)
Findou a Semana Dom Helder Camara em Fortaleza, ao entardecer do dia 02 de outubro, quando uma placa comemorativa foi fixada, por umas 120 pessoas, a uma árvore do Passeio Público (“Praça dos Mártires”, para os iniciados), frente ao local onde Helder Pessoa Camara veio ao mundo, em 7 de fevereiro de 1909. Passados alguns dias, pode-se arriscar uma primeira avaliação. Colocamos, para tanto, alguns dados da Semana à disposição:
• As duas ocasiões em que o documentário “Dom Helder – o santo rebelde” foi projetado, no teatro do Centro Cultural Dragão do Mar (cujo apoio “O Grupo” não se cansa de agradecer), reuniram ao todo um público de aproximadamente 550 pessoas, de idades e classes sociais bem diversificadas, sendo que a 1ª sessão (sábado à noite) superlotou e um número não pequeno de interessados ficou sem ver o filme. Significativa foi a presença da juventude de vários bairros da cidade. O debate que se seguiu às duas sessões criou oportunidade para testemunhos pessoais fortes e, aqui e acolá, comoventes; o professor de História da UFC, Dr. Régis Lopes, soube contextualizar a figura de Dom Helder sem abafar as participações da platéia. A ele, nossa gratidão!
• Durante o ciclo de conferências no auditório do Colégio Santo Tomás de Aquino (igualmente merecedor dos nossos mais profundos agradecimentos), registrou-se nas três noites, em média, uma platéia de 275 pessoas! A participação da juventude neste ambiente mais reflexivo, porém, foi escassa. As bolsas e camisas comemorativas, colocadas à venda por “O Grupo”, encontraram grande saída, de forma que sobraram poucas. Só na última noite, 85 exemplares do livro polêmico de Dom Clemente Isnard (“A Experiência ensina o Bispo”) foram vendidos. O jornalista cearense Luís Carlos Fonteles, da Rádio Senado de Brasília, veio especialmente a Fortaleza para disponibilizar, aos participantes do evento, 60 cópias de um documentário radiofônico produzido recentemente por ele, intitulado “Um homem chamado Helder”. O CD pode ser adquirido, gratuitamente, através de “O GRUPO”. Valeu, Luís Carlos! Percebemos a mão de Deus (e de dom Helder, claro...) em tudo isso...
• Entre 120 e 140 pessoas acompanharam em plena tarde de sexta-feira a Caminhada “Ai de mim se eu me calar”, pelas ruas do centro comercial de Fortaleza, cantando hinos em homenagem a cristãos (e até a não-cristãos como o “Betinho”!) que exerceram um papel profético na sociedade brasileira. Um texto profético forte (“Oração a Mariama”) de dom Helder Camara foi declamado frente à catedral metropolitana, chamando a igreja local para um engajamento maior e mais contundente nos conflitos sociais de nossa cidade. Ponto alto foi a proclamação, no final do percurso, de um “Pacto da Praça dos Mártires”, assumido pelos manifestantes, em analogia ao “Pacto das Catacumbas” no qual, em 16 de novembro de 1965, 40 bispos de vários continentes e países se comprometeram, na catacumba de Santa Domitila em Roma, a fazer da libertação dos pobres e oprimidos a causa principal do seu ministério.
• Digna de registro foi a presença – sempre discreta, porém firme e solidária – de Dom Edmilson Cruz durante as conferências noturnas. Justamente por ter sido a única autoridade eclesiástica a prestigiar o evento (não que os outros bispos não tenham sido convidados, nominalmente e por escrito...!), a ele um especial abraço fraterno!
• Agradecemos ainda o apoio valioso recebido da livraria católica Paulus, fiel companheira neste tipo de promoção, e da Rádio Dom Bosco que caprichou na divulgação da Semana. Finalmente: O porte magnífico do evento não teria sido possível sem o generoso patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) – o que só prova, mais uma vez, que há um amplo reconhecimento dos méritos de Dom Helder em meio à sociedade civil, enquanto no interior das igrejas cristãs os “referenciais” já são outros... Portanto, “O Grupo” aplaude de pé a sensibilidade social e cultural do comitê do BNB que foi responsável pelo patrocino!
• Único jornal impresso de grande circulação que veiculou, através de quatro matérias diferentes (entre elas um editorial), notícias acerca da Semana foi “O POVO”. Conseguir uma entrevista, em suas cobiçadas “Páginas Azuis”, com o bispo emérito de Nova Friburgo (RJ), Dom Clemente Isnard, mostrou-se um sonho irrealizável, dada a impossibilidade do nonagenário de deixar o hospital em Recife, onde se encontrava internado.
Um belo trabalho de divulgação foi levado a acabo pela Agência de Notícias Esperança (ANOTE), sobretudo através da criação do blog. Pela ADITAL e – pasmem! – pelo site da Rádio Vaticano que por duas vezes publicou a agenda da Semana! Também o boletim da Arquidiocese incluiu o evento em suas comunicações. A todos e todas que contribuíram para o êxito desta “semana do barulho” estendemos o nosso abraço fraterno e “arrochado”!
Agora: Que lições tirar disso tudo? Quais as pistas para um trabalho continuado de conscientização no futuro próximo? – Voltaremos em breve à carga para tratar destas questões ...
To be continued...
Carlo Tursi, teólogo e membro de “O GRUPO”
Findou a Semana Dom Helder Camara em Fortaleza, ao entardecer do dia 02 de outubro, quando uma placa comemorativa foi fixada, por umas 120 pessoas, a uma árvore do Passeio Público (“Praça dos Mártires”, para os iniciados), frente ao local onde Helder Pessoa Camara veio ao mundo, em 7 de fevereiro de 1909. Passados alguns dias, pode-se arriscar uma primeira avaliação. Colocamos, para tanto, alguns dados da Semana à disposição:
• As duas ocasiões em que o documentário “Dom Helder – o santo rebelde” foi projetado, no teatro do Centro Cultural Dragão do Mar (cujo apoio “O Grupo” não se cansa de agradecer), reuniram ao todo um público de aproximadamente 550 pessoas, de idades e classes sociais bem diversificadas, sendo que a 1ª sessão (sábado à noite) superlotou e um número não pequeno de interessados ficou sem ver o filme. Significativa foi a presença da juventude de vários bairros da cidade. O debate que se seguiu às duas sessões criou oportunidade para testemunhos pessoais fortes e, aqui e acolá, comoventes; o professor de História da UFC, Dr. Régis Lopes, soube contextualizar a figura de Dom Helder sem abafar as participações da platéia. A ele, nossa gratidão!
• Durante o ciclo de conferências no auditório do Colégio Santo Tomás de Aquino (igualmente merecedor dos nossos mais profundos agradecimentos), registrou-se nas três noites, em média, uma platéia de 275 pessoas! A participação da juventude neste ambiente mais reflexivo, porém, foi escassa. As bolsas e camisas comemorativas, colocadas à venda por “O Grupo”, encontraram grande saída, de forma que sobraram poucas. Só na última noite, 85 exemplares do livro polêmico de Dom Clemente Isnard (“A Experiência ensina o Bispo”) foram vendidos. O jornalista cearense Luís Carlos Fonteles, da Rádio Senado de Brasília, veio especialmente a Fortaleza para disponibilizar, aos participantes do evento, 60 cópias de um documentário radiofônico produzido recentemente por ele, intitulado “Um homem chamado Helder”. O CD pode ser adquirido, gratuitamente, através de “O GRUPO”. Valeu, Luís Carlos! Percebemos a mão de Deus (e de dom Helder, claro...) em tudo isso...
• Entre 120 e 140 pessoas acompanharam em plena tarde de sexta-feira a Caminhada “Ai de mim se eu me calar”, pelas ruas do centro comercial de Fortaleza, cantando hinos em homenagem a cristãos (e até a não-cristãos como o “Betinho”!) que exerceram um papel profético na sociedade brasileira. Um texto profético forte (“Oração a Mariama”) de dom Helder Camara foi declamado frente à catedral metropolitana, chamando a igreja local para um engajamento maior e mais contundente nos conflitos sociais de nossa cidade. Ponto alto foi a proclamação, no final do percurso, de um “Pacto da Praça dos Mártires”, assumido pelos manifestantes, em analogia ao “Pacto das Catacumbas” no qual, em 16 de novembro de 1965, 40 bispos de vários continentes e países se comprometeram, na catacumba de Santa Domitila em Roma, a fazer da libertação dos pobres e oprimidos a causa principal do seu ministério.
• Digna de registro foi a presença – sempre discreta, porém firme e solidária – de Dom Edmilson Cruz durante as conferências noturnas. Justamente por ter sido a única autoridade eclesiástica a prestigiar o evento (não que os outros bispos não tenham sido convidados, nominalmente e por escrito...!), a ele um especial abraço fraterno!
• Agradecemos ainda o apoio valioso recebido da livraria católica Paulus, fiel companheira neste tipo de promoção, e da Rádio Dom Bosco que caprichou na divulgação da Semana. Finalmente: O porte magnífico do evento não teria sido possível sem o generoso patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) – o que só prova, mais uma vez, que há um amplo reconhecimento dos méritos de Dom Helder em meio à sociedade civil, enquanto no interior das igrejas cristãs os “referenciais” já são outros... Portanto, “O Grupo” aplaude de pé a sensibilidade social e cultural do comitê do BNB que foi responsável pelo patrocino!
• Único jornal impresso de grande circulação que veiculou, através de quatro matérias diferentes (entre elas um editorial), notícias acerca da Semana foi “O POVO”. Conseguir uma entrevista, em suas cobiçadas “Páginas Azuis”, com o bispo emérito de Nova Friburgo (RJ), Dom Clemente Isnard, mostrou-se um sonho irrealizável, dada a impossibilidade do nonagenário de deixar o hospital em Recife, onde se encontrava internado.
Um belo trabalho de divulgação foi levado a acabo pela Agência de Notícias Esperança (ANOTE), sobretudo através da criação do blog. Pela ADITAL e – pasmem! – pelo site da Rádio Vaticano que por duas vezes publicou a agenda da Semana! Também o boletim da Arquidiocese incluiu o evento em suas comunicações. A todos e todas que contribuíram para o êxito desta “semana do barulho” estendemos o nosso abraço fraterno e “arrochado”!
Agora: Que lições tirar disso tudo? Quais as pistas para um trabalho continuado de conscientização no futuro próximo? – Voltaremos em breve à carga para tratar destas questões ...
To be continued...
Carlo Tursi, teólogo e membro de “O GRUPO”
“Salve, Ivone, salve(-nos)!”
Soneto comemorativo de sua passagem por Fortaleza por ocasião da Semana “Dom Helder Camara” e do 1º Seminário de Teologia Feminista /2009
Foi graça de dom Helder ter chegado a Fortaleza mulher que abrilhantou do centenário a Semana. Da liberdade de pensar, da fé e da firmeza sublime testemunho deu esta pernambucana! Um feminismo bem cristão iluminou a noite em que se abrigam há séculos os guardiões do Templo... Que freira mais danada: ela aplica o açoite no lombo dos machistas...foi Jesus que deu o exemplo!
Como um vendaval passou por nós a profetisa ! Mas, ninguém a viu gritar ou pôr o dedo em riste... Séria, até serena quando julga e analisa, forte e apaixonada quando exige e insiste! Qual abalo sísmico ecoa sua tese: “Tradições de homens só não valem mais a pena!” Repensar o dogma, refazer a catequese, dando voz e vez ao Feminino na arena!
Eis alguém que revigora nossa teologia já cansada, estéril, vinculada a conceitos que por patriarcas, pais e padres foram feitos.
Finalmente alguém na Igreja que não só copia frases de encíclicas, que com coragem rara enfrenta a “Pirâmide”: Ivone “Che” Gebara!
Salve, Ivone, salve!
Fortaleza, 06 de outubro de 2009 Carlo Tursi, teólogo e membro de “O Grupo”
terça-feira, 6 de outubro de 2009
OS DEZ MANDAMENTOS
Os 10 “Mandamentos” da Indiferença e da Hipocrisia
I. Não guardarás, por muito tempo, a memória perigosa de mártires e perseguidos por causa da justiça: pois, o momento deles passou (graças a Deus!) e hoje já não temos mais necessidade de heróis!
II. Colocarás, no entanto, por ocasião de um aniversário de morte de um profeta ou mártir, flores no seu túmulo, acenderás uma vela diante de sua imagem e participarás de uma sessão solene em homenagem dele ou dela. Manterás a aparência, aconteça o que acontecer...
III. Não ti permitirás pensar muito na situação dos sofredores deste mundo, pois tal pensamento iria te deprimir e te impedir de pensar nas coisas boas da vida. “Alegrai-vos!” recomenda, aliás, a Sagrada Escritura...
IV. Evitarás lugares tristes e perigosos como favelas, hospitais, penitenciárias e manifestações de movimentos populares, pois a primeira máxima, para ti, há de ser: “Preserva-te a ti mesmo!”
V. Desconfiarás de todos e todas que criticam o sistema e questionam acerca das causas da pobreza, pois ainda existem muitos comunistas disfarçados e revoltados por aí que não reconhecem que “nosso Deus é um Deus da ordem e não da desordem”.
VI. Não emprestarás teu ouvido a quem ti falar de “opção pelos pobres”, pois Deus não conhece preferência e ama a todos igualmente.
VII. Não se afligirá teu coração diante do choro de uma criança faminta e maltratada, do adolescente precocemente vitimado pela droga ou do presídio superlotado em rebelião, pois o mundo sempre foi assim: “não há nada de novo debaixo do sol!” Consolar-te-ás sabendo que a figura deste mundo passará; até lá, te exercitarás na confiante espera do Senhor.
VIII. Permanecerás, o maior tempo possível, no recinto sagrado, pois o mundo lá fora já se esqueceu de Deus e está sofrendo o seu merecido castigo. Tu, porém, te abrigarás à sombra do altar.
IX. Não deixarás de levar tua oferta generosa ao altar do Senhor, para que não venham a lhe faltar as bênçãos e graças do Altíssimo. Lembrar-te-ás que Deus ama especialmente os dizimistas...
X. Não perderás nenhum show do seu padre-cantor favorito, pois é naqueles momentos que teu coração se aquece e exulta, e todos os problemas da vida desaparecem como em um ato mágico. Prostrar-te-ás diante dos cantores religiosos como sendo os novos profetas de Deus, enviados para o nosso tempo.
Carlo Tursi, teólogo, membro de “O GRUPO” e da Coordenação Arquidiocesana das CEBs
I. Não guardarás, por muito tempo, a memória perigosa de mártires e perseguidos por causa da justiça: pois, o momento deles passou (graças a Deus!) e hoje já não temos mais necessidade de heróis!
II. Colocarás, no entanto, por ocasião de um aniversário de morte de um profeta ou mártir, flores no seu túmulo, acenderás uma vela diante de sua imagem e participarás de uma sessão solene em homenagem dele ou dela. Manterás a aparência, aconteça o que acontecer...
III. Não ti permitirás pensar muito na situação dos sofredores deste mundo, pois tal pensamento iria te deprimir e te impedir de pensar nas coisas boas da vida. “Alegrai-vos!” recomenda, aliás, a Sagrada Escritura...
IV. Evitarás lugares tristes e perigosos como favelas, hospitais, penitenciárias e manifestações de movimentos populares, pois a primeira máxima, para ti, há de ser: “Preserva-te a ti mesmo!”
V. Desconfiarás de todos e todas que criticam o sistema e questionam acerca das causas da pobreza, pois ainda existem muitos comunistas disfarçados e revoltados por aí que não reconhecem que “nosso Deus é um Deus da ordem e não da desordem”.
VI. Não emprestarás teu ouvido a quem ti falar de “opção pelos pobres”, pois Deus não conhece preferência e ama a todos igualmente.
VII. Não se afligirá teu coração diante do choro de uma criança faminta e maltratada, do adolescente precocemente vitimado pela droga ou do presídio superlotado em rebelião, pois o mundo sempre foi assim: “não há nada de novo debaixo do sol!” Consolar-te-ás sabendo que a figura deste mundo passará; até lá, te exercitarás na confiante espera do Senhor.
VIII. Permanecerás, o maior tempo possível, no recinto sagrado, pois o mundo lá fora já se esqueceu de Deus e está sofrendo o seu merecido castigo. Tu, porém, te abrigarás à sombra do altar.
IX. Não deixarás de levar tua oferta generosa ao altar do Senhor, para que não venham a lhe faltar as bênçãos e graças do Altíssimo. Lembrar-te-ás que Deus ama especialmente os dizimistas...
X. Não perderás nenhum show do seu padre-cantor favorito, pois é naqueles momentos que teu coração se aquece e exulta, e todos os problemas da vida desaparecem como em um ato mágico. Prostrar-te-ás diante dos cantores religiosos como sendo os novos profetas de Deus, enviados para o nosso tempo.
Carlo Tursi, teólogo, membro de “O GRUPO” e da Coordenação Arquidiocesana das CEBs
sábado, 3 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Caminhada “A i d e m i m s e e u m e c a l a r !”
Caminhada “A i d e m i m s e e u m e c a l a r !”
Sexta-feira, dia 02 de outubro, a partir das 15:00 h, na praça da Igreja do Carmo
O que se pretende:
Por ocasião do centenário de seu nascimento, conquistar visibilidade e atenção dos concidadãos fortalezenses para a figura cearense de Helder Camara e para o fato do descuido de sua memória e de seu legado em nossa cidade, por parte do poder público e da igreja local
Ultrapassar a forma convencional (e inócua) de homenagear grandes vultos que prima pela solenidade enfadonha e o panegírico tresloucado, através de um consistente trabalho temático, ao mesmo tempo educativo e provocador (para não apenas “colocar flores nos túmulos dos profetas”...)
Atrair, sobretudo, os mais jovens para uma ação pública comemorativa e profética que os faça conhecer e apreciar o significado humanista e cristão do testemunho de Helder Camara que denunciou ao mundo o regime ditatorial brasileiro e que, até hoje, foi o único brasileiro indicado (4x) ao prêmio Nobel da Paz
Questionar a atual indiferença, tanto do poder eclesiástico quanto do poder secular, diante do destino dos mais pobres da cidade
Colocar Helder Camara conscientemente em uma tradição maior de um cristianismo profético e militante por um mundo melhor, lembrando outras figuras (brasileiras) de semelhante nível de doação e compromisso
Colocar militantes e simpatizantes da causa dos marginalizados juntos em movimento, retomando a tradição das manifestações públicas, sem cair nos bordões já gastos de tempos idos
Criar um contraponto – do ponto de vista eclesial – para a superabundância sufocante das procissões meramente devocionais, cobrando mais engajamento cristão na transformação da realidade social gritante
Proporcionar prazer aos manifestantes, ao seguir rezando, cantando, clamando e refletindo pelas ruas do centro de nossa cidade, entrando em contato direto com os concidadãos
“Diga ao povo que se ponha em marcha!”
E agora, gente, vamos levantar nossas faixas, erguer bem alto as nossas fotos, vamos elevar nossas vozes, fazendo ouvir aos nossos irmãos fortalezenses um canto velho e novo, de denúncia e esperança, de indignação e solidariedade, um grito de protesto e um convite à Paz! Por Dom Helder! Por uma revolução dentro da Paz! Viva Dom Helder, o Dom da Paz
Sexta-feira, dia 02 de outubro, a partir das 15:00 h, na praça da Igreja do Carmo
O que se pretende:
Por ocasião do centenário de seu nascimento, conquistar visibilidade e atenção dos concidadãos fortalezenses para a figura cearense de Helder Camara e para o fato do descuido de sua memória e de seu legado em nossa cidade, por parte do poder público e da igreja local
Ultrapassar a forma convencional (e inócua) de homenagear grandes vultos que prima pela solenidade enfadonha e o panegírico tresloucado, através de um consistente trabalho temático, ao mesmo tempo educativo e provocador (para não apenas “colocar flores nos túmulos dos profetas”...)
Atrair, sobretudo, os mais jovens para uma ação pública comemorativa e profética que os faça conhecer e apreciar o significado humanista e cristão do testemunho de Helder Camara que denunciou ao mundo o regime ditatorial brasileiro e que, até hoje, foi o único brasileiro indicado (4x) ao prêmio Nobel da Paz
Questionar a atual indiferença, tanto do poder eclesiástico quanto do poder secular, diante do destino dos mais pobres da cidade
Colocar Helder Camara conscientemente em uma tradição maior de um cristianismo profético e militante por um mundo melhor, lembrando outras figuras (brasileiras) de semelhante nível de doação e compromisso
Colocar militantes e simpatizantes da causa dos marginalizados juntos em movimento, retomando a tradição das manifestações públicas, sem cair nos bordões já gastos de tempos idos
Criar um contraponto – do ponto de vista eclesial – para a superabundância sufocante das procissões meramente devocionais, cobrando mais engajamento cristão na transformação da realidade social gritante
Proporcionar prazer aos manifestantes, ao seguir rezando, cantando, clamando e refletindo pelas ruas do centro de nossa cidade, entrando em contato direto com os concidadãos
“Diga ao povo que se ponha em marcha!”
E agora, gente, vamos levantar nossas faixas, erguer bem alto as nossas fotos, vamos elevar nossas vozes, fazendo ouvir aos nossos irmãos fortalezenses um canto velho e novo, de denúncia e esperança, de indignação e solidariedade, um grito de protesto e um convite à Paz! Por Dom Helder! Por uma revolução dentro da Paz! Viva Dom Helder, o Dom da Paz
Artigo - por Carlo Tursi
Bispos para o mundo – 3ª Conferência na Semana Dom Helder Camara
A atual geração dos bispos católicos – com honrosas exceções, é claro! – sofre de uma doença chamada eclesiocentrismo. Não que seja doença rara – ela dominou, seguramente, a maior parte da história da Igreja. Os sintomas dela são: angústia causada pela evasão dos “fiéis”, fobia das outras religiões encaradas como “seitas sedutoras”, uma preocupação exagerada em manter a “platéia” entretida nos templos e nas associações católicas, uma mentalidade de “reconquista” das “ovelhas perdidas”, a promoção desproporcional da Pastoral do Dízimo, o cuidado exagerado com o patrimônio. Para os hierarcas acometidos por esta doença, “evangelizar” não significa tanto dar testemunho do amor gratuito de Deus e da esperança cristã em meio às realidades mais sofridas, desumanas, desesperançadas deste mundo (do tipo favelas, hospitais, prisões, submundo dos drogados); significa, antes, investir em programas televisivos e radiofônicos de entretenimento religioso para as próprias hostes. Tais programas não atraem, absolutamente, quem se afastou da Igreja, pois sua pieguice e seu jargão intra-eclesial quase hermético os tornam pouco suportáveis a pessoas secularizadas. Leigos e leigas que militam nas pastorais sociais e se esforçam para transformar a realidade “mundana” recebem pouquíssima atenção e quase nenhum incentivo de bispos eclesiocêntricos, ao passo que dizimistas, colaboradores litúrgicos e padres cantores são valorizados como a “menina dos olhos” da Igreja.
Houve um tempo, porém, em que os bispos quiseram “encostar” nas realidades mundanas e humanas. Quem ainda se lembra do célebre proêmio da “Gaudium et spes” ? “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração” (Compêndio do Vaticano II, 200). Surgia, então, o projeto de uma Igreja-companheira da humanidade, em seus caminhos e descaminhos, uma Igreja-aliada na luta por liberdade, felicidade e humanização plena. Recordemos o que escreveu o Pe. José Comblin no livro “Mantenham as lâmpadas acesas” sobre a geração de bispos do “tipo” Aloísio Lorscheider: “A América Latina recebeu de Deus um privilégio excepcional. Houve aqui uma geração de bispos, de quase todos os países, decididos a adaptar a América Latina às transformações sugeridas pelo Concílio Vaticano II. Foi a geração de Medellín. (...) Foi uma geração testemunha da liberdade evangélica, identificada com os pobres, os excluídos, os marginalizados da América Latina. Todos descobriram a mesma realidade, cada um no seu país, e quiseram aceitar o desafio dessa realidade. Foram como o Bom Samaritano da parábola. Vieram, depois de séculos em que a Igreja não quis olhar o desafio do extermínio dos índios, da escravidão dos africanos, e decidiram lutar contra essa realidade, procurando abrir os olhos da Igreja acostumada ao silêncio e à omissão seculares. Estes bispos sofreram repreensões e castigos das autoridades e resistência de muitos colegas. Alguns foram realmente perseguidos. Outros morreram assassinados, sem que o martírio fosse reconhecido. Muitas vezes se sentiam sozinhos, objetos de desconfiança, incompreendidos, mas permanecem na memória dos pobres. Dom Aloísio foi um deles” (pp.69-70).
E Dom Helder foi outro. Não se faz mais bispos como no tempo dele. A impressão que dá é que os prelados de mitra atuais olham para o mundo com desconfiança e profundo pessimismo, bradando contra a perda de valores, sobretudo da fidelidade matrimonial e da ”santa” obediência. Não conseguem dialogar, de igual para igual, com intelectuais e profissionais liberais, mas permanecem igualmente distantes dos movimentos populares e operários. Não estão atuando no meio dos ”afastados”, dos secularizados, dos abandonados, dos condenados, das “ovelhas sem pastor”. Parece até que têm medo deles... Ao invés disso, marcam presença constante na “Caminhada com Maria”, na procissão de São José, no “Queremos Deus” – aí, sim, se sentem “em casa”, em meio aos “seus”: “Vejam como eles se amam...!” Mas, se um outro mundo é possível, um outro episcopado também deve ser possível...
Para encerrar, três convites: 1) Não percam a conferência que acontecerá hoje, quinta-feira (01/10), às 19:00 h, no auditório do Colégio Santo Tomás de Aquino, com o título: “Dom Helder: bispo para a Igreja e bispo para o mundo”. O conhecido compositor litúrgico e padre casado Reginaldo Veloso será o expositor. Haverá o lançamento do polêmico livro de Dom Clemente Isnard: “A Experiência ensina o Bispo” – simplesmente imperdível! 2) Leiam o excelente livro “Bispos para a Esperança do Mundo: Uma leitura crítica sobre caminhos de Igreja” , de Márcio Fabri dos Anjos (Org.), das Edições Paulinas. 3) Rezem “para que o Senhor da colheita mande operários para a Sua messe” – o mundo agradece!
Carlo Tursi, teólogo e membro de “O GRUPO”
A atual geração dos bispos católicos – com honrosas exceções, é claro! – sofre de uma doença chamada eclesiocentrismo. Não que seja doença rara – ela dominou, seguramente, a maior parte da história da Igreja. Os sintomas dela são: angústia causada pela evasão dos “fiéis”, fobia das outras religiões encaradas como “seitas sedutoras”, uma preocupação exagerada em manter a “platéia” entretida nos templos e nas associações católicas, uma mentalidade de “reconquista” das “ovelhas perdidas”, a promoção desproporcional da Pastoral do Dízimo, o cuidado exagerado com o patrimônio. Para os hierarcas acometidos por esta doença, “evangelizar” não significa tanto dar testemunho do amor gratuito de Deus e da esperança cristã em meio às realidades mais sofridas, desumanas, desesperançadas deste mundo (do tipo favelas, hospitais, prisões, submundo dos drogados); significa, antes, investir em programas televisivos e radiofônicos de entretenimento religioso para as próprias hostes. Tais programas não atraem, absolutamente, quem se afastou da Igreja, pois sua pieguice e seu jargão intra-eclesial quase hermético os tornam pouco suportáveis a pessoas secularizadas. Leigos e leigas que militam nas pastorais sociais e se esforçam para transformar a realidade “mundana” recebem pouquíssima atenção e quase nenhum incentivo de bispos eclesiocêntricos, ao passo que dizimistas, colaboradores litúrgicos e padres cantores são valorizados como a “menina dos olhos” da Igreja.
Houve um tempo, porém, em que os bispos quiseram “encostar” nas realidades mundanas e humanas. Quem ainda se lembra do célebre proêmio da “Gaudium et spes” ? “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração” (Compêndio do Vaticano II, 200). Surgia, então, o projeto de uma Igreja-companheira da humanidade, em seus caminhos e descaminhos, uma Igreja-aliada na luta por liberdade, felicidade e humanização plena. Recordemos o que escreveu o Pe. José Comblin no livro “Mantenham as lâmpadas acesas” sobre a geração de bispos do “tipo” Aloísio Lorscheider: “A América Latina recebeu de Deus um privilégio excepcional. Houve aqui uma geração de bispos, de quase todos os países, decididos a adaptar a América Latina às transformações sugeridas pelo Concílio Vaticano II. Foi a geração de Medellín. (...) Foi uma geração testemunha da liberdade evangélica, identificada com os pobres, os excluídos, os marginalizados da América Latina. Todos descobriram a mesma realidade, cada um no seu país, e quiseram aceitar o desafio dessa realidade. Foram como o Bom Samaritano da parábola. Vieram, depois de séculos em que a Igreja não quis olhar o desafio do extermínio dos índios, da escravidão dos africanos, e decidiram lutar contra essa realidade, procurando abrir os olhos da Igreja acostumada ao silêncio e à omissão seculares. Estes bispos sofreram repreensões e castigos das autoridades e resistência de muitos colegas. Alguns foram realmente perseguidos. Outros morreram assassinados, sem que o martírio fosse reconhecido. Muitas vezes se sentiam sozinhos, objetos de desconfiança, incompreendidos, mas permanecem na memória dos pobres. Dom Aloísio foi um deles” (pp.69-70).
E Dom Helder foi outro. Não se faz mais bispos como no tempo dele. A impressão que dá é que os prelados de mitra atuais olham para o mundo com desconfiança e profundo pessimismo, bradando contra a perda de valores, sobretudo da fidelidade matrimonial e da ”santa” obediência. Não conseguem dialogar, de igual para igual, com intelectuais e profissionais liberais, mas permanecem igualmente distantes dos movimentos populares e operários. Não estão atuando no meio dos ”afastados”, dos secularizados, dos abandonados, dos condenados, das “ovelhas sem pastor”. Parece até que têm medo deles... Ao invés disso, marcam presença constante na “Caminhada com Maria”, na procissão de São José, no “Queremos Deus” – aí, sim, se sentem “em casa”, em meio aos “seus”: “Vejam como eles se amam...!” Mas, se um outro mundo é possível, um outro episcopado também deve ser possível...
Para encerrar, três convites: 1) Não percam a conferência que acontecerá hoje, quinta-feira (01/10), às 19:00 h, no auditório do Colégio Santo Tomás de Aquino, com o título: “Dom Helder: bispo para a Igreja e bispo para o mundo”. O conhecido compositor litúrgico e padre casado Reginaldo Veloso será o expositor. Haverá o lançamento do polêmico livro de Dom Clemente Isnard: “A Experiência ensina o Bispo” – simplesmente imperdível! 2) Leiam o excelente livro “Bispos para a Esperança do Mundo: Uma leitura crítica sobre caminhos de Igreja” , de Márcio Fabri dos Anjos (Org.), das Edições Paulinas. 3) Rezem “para que o Senhor da colheita mande operários para a Sua messe” – o mundo agradece!
Carlo Tursi, teólogo e membro de “O GRUPO”
A abertura - EXIBIÇÃO DO FILME
Sala lotada para ver o Filme, na abertura da Semana Dom Helder Câmara, no último sábado,dia 26. A procura foi tão grande que o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura resolveu colocar mais duas sessões neste mês de outubro. Viva!!!
Posteriormente, quando soubermos a data vamos postar no blog. Aguardem!
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